Economia se ajusta a nova era dos juros baixos

Desde março deste ano, a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, que serve de referência para definir o custo de outros empréstimos do sistema financeiro, está em 6,5%, seu menor patamar já registrado - a série histórica do Banco Central começa em 1986. Mas, segundo algumas das principais autoridades do mercado de crédito do País, essa queda não é apenas uma casualidade estatística: ela marca um novo ciclo no custo do dinheiro no Brasil - e isso pode ser uma oportunidade tanto para tomadores de crédito quanto para investidores que pretendem diversificar seus portfólios.

O raciocínio foi um dos principais pontos debatidos no painel "Financiamento dos Investimentos no Brasil", realizado na tarde desta terça-feira (29), primeiro dia do Fórum de Investimentos Brasil 2018, em São Paulo. "Estamos em uma nova era, a dos juros baixos. Esse novo patamar dos juros vai perdurar, o que vai ter reflexos sobre todos os demais elos da economia", destacou o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Dyogo Oliveira.

 

 

Com a Selic em seu menor nível da série histórica, afirmou Oliveira, recursos hoje aplicados em ativos como títulos públicos serão realocados para alternativas mais rentáveis. Isso aumenta o apelo, por exemplo, de projetos de infraestrutura ou da oferta de ações de empresas na Bovespa.

Outros participantes do painel ratificaram o raciocínio. "Vai haver uma migração histórica: dinheiro que tradicionalmente fica em operações bancárias simples vão para o mercado de capitais. É uma perspectiva de investimento de médio e longo prazos muito positiva", considerou o presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli.

 

 


O próprio BNDES anunciou, nesta terça, a criação de programas para aplicar recursos de duas formas: em debêntures de infraestrutura e fundos de investimento em direitos creditórios também de infraestrutura, com montante já disponível de R$ 5 bilhões, e em fundos de crédito corporativo, voltados a pequenas e médias empresas, com mais R$ 1 bilhão. Esse movimento, segundo o banco, já atesta a visão de que a queda da Selic ampliará o apelo de investir recursos na chamada economia real.

Carlos Ambrósio, presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), deu uma dimensão do que a decisão do BNDES significa. "Hoje, há 75 fundos de infraestrutura no país, que totalizam R$ 4,1 bilhões. Agora, só o BNDES - que terá um limite de aporte de 30% com esse novo programa - tem à disposição R$ 5 bilhões", declarou Ambrósio. "Temos a possibilidade de mais que quadruplicar esBse mercado."

 

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