Com economia estável, Brasil busca novos mercados, diz chanceler

O Brasil encontrou o caminho do crescimento sustentado e está cada vez mais perto de fechar acordos de livre comércio com alguns dos maiores mercados do mundo. Para o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, o País está pronto para receber os investidores, aumentando a capacidade de desenvolvimento do Brasil. “Nossa diplomacia econômica está empenhada em impulsionar as condições de competitividade, produtividade e acesso do País no mundo.”

Além de melhorar sua própria economia, o objetivo do Brasil também é alavancar o comércio da região. O Mercosul está negociando, por exemplo, com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA - Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein). Com o Canadá, o Mercosul lançou, no início de março, negociações para um acordo abrangente de livre comércio. O bloco está também abrindo novas frentes de negociação na Ásia, com a Coreia do Sul e com a Cingapura, por exemplo. Outras prioridades são a ampliação do acordo Mercosul-Índia e a aproximação com as nações árabes do norte da África e do Oriente Médio.  

Ações diretas

Nos últimos dois anos, o Brasil assinou nove acordos de promoção de investimentos e 10 de cooperação e facilitação de investimentos. Outros instrumentos já estão finalizados e prontos para assinatura, como o Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) Brasil-Marrocos. Para o chanceler, isto demonstra, que o País busca expandir sua relação econômica-comercial paras novas fronteiras dinâmicas da economia mundial, além de aprofundar o relacionamento com parceiros tradicionais, como EUA, Japão e China.

Nunes ressalta ainda que o Brasil tem sido visto lá fora “como um país de instituições sólidas”, capaz de superar suas vicissitudes econômicas e políticas de maneira institucional e democrática. “Com a reconquista da estabilidade macroeconômica, a atração de investimentos se viu facilitada”, afirma.

A seguir, trechos da entrevista:

Em sua avaliação, este é um bom momento para investir no Brasil?

Eu diria que é um excelente momento para investir no Brasil. Superamos uma grave crise econômica, implementamos reformas essenciais para um ambiente de negócios competitivo e agora começamos a retomar uma trajetória de crescimento com credibilidade.  

Acredito que essas variáveis são levadas em consideração pelos investidores na hora de fazerem negócios, e o Brasil está em uma posição atraente para o capital internacional. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) previu que seremos o sexto principal destino de investimentos no biênio 2017-2019. Aproveitando esse momento extremamente favorável do Brasil para atração de investimentos, organizamos a segunda edição do Fórum de Investimentos Brasil 2018. Vamos receber investidores e formadores de opinião estrangeiros para apresentar as oportunidades e perspectivas de investimentos no País.

Completamos dois anos de governo Temer. Quais os principais avanços que o senhor destaca deste período?

Nossa diplomacia econômica está empenhada em impulsionar as condições de competitividade, produtividade e acesso do País no mundo. Parte importante disso passa pela revitalização do Mercosul e pelo projeto de integração regional aberta ao mundo, tema que engloba tanto as negociações do Mercosul com o mundo, quanto a atração de investimentos produtivos. No campo das negociações comerciais, a principal prioridade externa do Mercosul é concluir, neste semestre, as negociações com a União Europeia. Outras frentes importantes de negociações comerciais também estão sendo abertas. O Brasil avançou ainda em acordos de cooperação e facilitação de investimentos, os chamados ACFIs, que são acordos que oferecem proteção jurídica a investidores e aos investimentos estrangeiros, uma atualização brasileira dos modelos tradicionais de acordos em vigor mundialmente.

Como o senhor avalia a imagem do País lá fora?

Temos um capital diplomático acumulado ao longo de muitas décadas de atuação construtiva e coerente na região e no mundo, nos âmbitos bilateral e multilateral. Os demais países e os organismos internacionais reconhecem a importância de nossa cooperação técnica, geradora de capacidades locais e de bem-estar, de nossa contribuição às missões de paz, da nossa liderança em desarmamento, de nossa defesa intransigente da paz, da tolerância e da prevalência do direito sobre a força. Defendemos também o fortalecimento do sistema multilateral de comércio, inclusive como forma de assegurar respeito às regras e prevenir o risco do protecionismo.

A comunidade internacional enxerga o Brasil como um País cujos problemas não dependem de terceiros para serem solucionados. Na verdade, vê o Brasil com um misto de admiração e esperança porque sabe que temos a capacidade de superar nossos próprios desafios. Já demos mostras disso ao longo da história, mais recentemente na transição para a democracia, na vitória sobre a hiperinflação, no aprimoramento das políticas sociais.

É verdade que há tarefas pendentes, temos um dever de casa por fazer. Precisamos refundar o modelo de desenvolvimento e preparar o País para os grandes desafios do nosso século, melhorando a qualidade dos serviços públicos, investindo na competitividade, na inovação, na educação e, não menos importante, assegurando a integração do Brasil à economia global. A nossa política externa é peça importante nessa estratégia modernizante. Em suma, o Brasil é percebido como um País que tem rumo, que está de volta aos trilhos, apesar das dificuldades que enfrentou e dos obstáculos que ainda deve superar. Mas ninguém tem dúvida de nossa capacidade de transformar crises em oportunidades.

Compartilhe

Outras Notícias

Governo vai abrir setor hidroviário para o investimento privado

Petrobras recupera credibilidade e alavanca setor de óleo e gás no País

"O Brasil está se abrindo para o mundo", diz Temer