O setor de energia vive uma revolução que poderá criar diversas oportunidades para o Brasil nos próximos anos. O Acordo de Paris, o veto de alguns países ao uso de carros movidos a combustíveis fósseis imposto nas próximas décadas e o avanço de novas tecnologias, como redes inteligentes de energia e microgeração solar, deverão representar investimentos em novas tecnologias para reduzir emissão de poluentes globais e aumento da importância das fontes renováveis, em que o Brasil detém posição de destaque.
Enquanto nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) o carvão é o principal energético, com 27,9% da matriz elétrica, no Brasil a energia hidrelétrica responde por dois terços da geração de energia elétrica. Para que o potencial seja aproveitado, será preciso trabalhar a regulação de alguns pontos, segundo especialistas que participaram de painel na manhã dessa quarta-feira (30) sobre o setor de energia, no último dia do Fórum de Investimentos Brasil 2018.
O presidente da Siemens Brasil, André Clark, afirmou que a empresa prevê triplicar os investimentos nos próximos cinco anos diante de um cenário muito positivo. "O Brasil deve viver uma década de ouro diante do potencial energético que possui e da cadeia nacional de valor que foi desenvolvido para atuar nesse segmento. Há uma revolução no mundo com carros elétricos e também com cidades inteligentes em que o consumidor também passa a ser gerador de energia."
Potencial nacional
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, ressaltou que o potencial energético brasileiro também abre oportunidades para o mercado de capitais, como a emissão de green bonds, títulos que podem ser lançados no mercado para financiar empreendimentos com menor impacto ambiental. A demanda de investimentos do setor de energia é estimada em R$ 70 bilhões. A Eletrobras investia R$ 14 bilhões, mas, em crise, tem orçamento para aplicar cerca de R$ 4 bilhões nesse ano. A empresa tem buscado reduzir seu endividamento, seu quadro de funcionários e focar na conclusão de obras. Trabalha em um projeto de capitalização, que está em discussão na Câmara pelo projeto de lei 9.643. “A capitalização é essencial para que a empresa possa a retomar sua capacidade de investir.”
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Para o presidente da Engie no Brasil, Mauricio Bahr, disse que a revolução energética traz desafios regulatórios, o que cria a necessidade de que eventuais impasses regulatórios sejam resolvidos de forma rápida. No setor elétrico, o armazenamento de energia é uma tecnologia que deve ganhar espaço com o avanço de fontes intermitentes, como eólica e solar. “O cenário cria ainda maior urgência sobre a regulação”, afirmou.
A chefe da assessoria econômica do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, afirmou que o governo está olhando a carga tributária sobre os preços dos combustíveis, analisando tributos federais e de Estados. Ela também ressaltou que a capitalização da Eletrobras é um projeto importante. “O processo político está muito conturbado, o que tem dificultado avanços na regulação.”
Petrobras
Para Nelson Silva, diretor de Estratégia, Organização e Gestão da Petrobras, a autonomia da política de preços da estatal preserva o resultado econômico da estatal. A revolução energética tem feito a empresa considerar a possibilidade de avançar na cadeia de gás natural, estudando ser um ator global na área de Gás Natural Liquefeito (GNL). “Estamos estudando e isso pode fazer com que busquemos gás em outros países”, afirmou. A posição da empresa deve ser conhecida quando o Plano de Negócios 2019-2023 for anunciado no próximo ano.
Fonte: Governo do Brasil