Para o Presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), embaixador Roberto Jaguaribe, a edição 2018 do Brasil Investment Forum coroa todo o esforço empreendido pelo governo para criar um novo ambiente de negócios para o país.
Segundo Jaguaribe, ao longo dos dois dias, serão apresentadas oportunidades para novos investimentos no país em setores chave, como infraestrutura, energias renováveis, petróleo e gás, setor automotivo, setor de saúde, pesquisa e desenvolvimento, entre outros.
Sem dúvida! No último ano, o Brasil reforçou diante do mundo sua solidez institucional e resiliência para atravessar talvez a maior crise econômica da história e, ainda assim, se manter entre os países mais atrativos para IED.
Hoje, o cenário é muito mais positivo. As estimativas dos agentes de mercado, por exemplo, apontam para um crescimento da economia de cerca de 2,7% para este ano. Além disso, a inflação projetada para o ano já está em 3,49%, próximo do piso da meta, o que tem permitido uma redução de juros para 6,5%. Outros indicadores também sinalizam para uma melhora generalizada do cenário, como a expectativa de crescimento da produção industrial para o ano em 3,81%, a melhora do índice de intenção de investimentos e a forte queda do risco país (de 558 pontos em março de 2016 para 240 no fim de 2017).
É importante destacar também as mudanças promovidas no âmbito político ao longo do governo do presidente Michel Temer, como a aprovação do teto dos gastos e a reforma trabalhista.
Em suma, o Brasil se reposicionou como ator relevante na economia global, promoveu reformas modernizantes e retomou o crescimento sustentável da economia, o que nos consolidou como um dos principais destinos dos investimentos diretos estrangeiros.
O somatório destes fatores tem ajudado na melhora da percepção dos investidores em relação à economia e o resultado é que, segundo o Banco Central, o volume de investimento direto no país chegou a US$ 70,3 bilhões em 2017, e as projeções para 2018 são de US$ 75 bilhões.
Há um enorme potencial para novos investimentos no Brasil em setores como infraestrutura, energias renováveis, petróleo e gás, setor automotivo, setor de saúde, pesquisa e desenvolvimento, entre outros.
No agronegócio, por exemplo, há uma crescente demanda para alimentar uma população global que deve chegar a 9 bilhões em 2050. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores agrícolas do mundo e é particularmente capacitado a suprir a necessidade do mundo, em especial da Ásia.
No setor de óleo e gás, o governo prevê arrecadar R$ 18 bilhões neste ano com leilões de blocos exploratórios de óleo e gás, o que seria o melhor resultado de todos os tempos.
No setor automotivo, o Brasil tem potencial para ser plataforma de exportação de automóveis e autopeças, possibilitando que as empresas acessem os principais mercados da América Latina com tarifas de importação preferenciais, devido aos acordos de complementação econômica vigentes com a Argentina, Colômbia, México e Uruguai.
Com relação à saúde, o Brasil é atualmente um dos dez maiores mercados do mundo, com uma despesa estimada em US$ 166,8 bilhões em 2015. A expectativa é que em dez anos nos tornemos o 5º maior mercado de saúde no mundo, superando países como França e Grã-Bretanha.
Os investidores percebem tanto essas oportunidades, como o novo momento que vivemos. A política econômica, a evolução de políticas públicas em áreas chaves, incluindo regras relativas às agências reguladoras, dão o direcionamento e a segurança necessários para que os investimentos aconteçam.
Há de se destacar ainda o tamanho do mercado interno brasileiro como importante fator de atração para investidores: o Brasil tem a 5ª maior população do mundo, com 208 milhões de pessoas - um terço da população latino-americana. Somos também a 9ª maior economia do mundo, com um PIB de US $ 1,796 trilhão (2016). O Brasil também é plataforma de acesso para outros países da América Latina, o que é fortemente considerado por investidores com foco na região.
Volto a frisar que o Brasil nunca deixou de ser atrativo para os investidores estrangeiros. Mesmo com a turbulência que vivemos no ano passado, o Brasil se manteve entre os 10 maiores destinos de investimentos diretos do mundo. Sempre fomos percebidos como um destino relevante.
Embora haja potencial para ganhos de curto prazo, a batalha comercial entre EUA e China é prejudicial a todos os envolvidos. A aplicação unilateral de sobretaxas, como fazem as duas potências, enfraquece um sistema de comércio internacional e aumenta a insegurança jurídica.
De toda forma, a nossa coordenação de Estratégia de Mercado fez uma análise sobre a origem e o valor das importações da China de produtos selecionados, com uma comparação entre importações provenientes do Brasil versus as provenientes dos Estados Unidos e as de outros países do mundo.
Algumas das principais conclusões são de que há espaço para exportação de carnes suínas, já que o Brasil não exporta para lá ainda e os EUA têm 38,12% do mercado, de que podemos aumentar as vendas de outros produtos de origem animal, uma vez que o Brasil tem 0,07% e EUA têm 24,45% do mercado e no setor de aviões, que temos apenas 1,86% do mercado e os EUA têm 62,51%. Há ainda espaço para couros, celulose, papel, óleo de soja em bruto, entre outros.
Buscamos destacar em todas as nossas ações no exterior todos os esforços que o governo empreendeu ao longo destes dois anos para aprovar uma série de medidas que são, e serão, extremamente benéficas para o país ao longo dos próximos anos.
Ao promover todas as reformas necessárias, o governo dá uma sinalização clara ao investidor que somos um país maduro, democraticamente seguro, e um lugar para investimentos de alta qualidade, como historicamente sempre fomos.
Reforçamos também a mensagem de que o Brasil tem um sistema financeiro estável e um enorme mercado interno tornam o país um destino seguro para investimentos e dão ao país a força para resistir a crises internacionais.
O resultado da melhora desta percepção pode ser medida com os resultados de IED em 2017 e previsão para 2018, que mostram investimentos sempre acima da casa de US$ 70 bilhões.
Desde que cheguei a esta Agência, tive certeza de que sozinhos não alcançaríamos os resultados que acreditava serem possíveis. Esse relevante papel de atração de investimento é um trabalho enorme, que não pode, e nem deve, ser feito sozinho.
Buscamos atuar como “one stop shop” (porta de entrada para o atendimento das demandas dos investidores interessados em fazer negócios), auxiliando os investidores no levantamento de informações e a alcançar os atores governamentais de interesse nas diversas esferas, apoiando assim os executivos na tomada de decisão.
Esse trabalho ajuda a dirimir eventuais problemas que os investidores venham a ter, uma vez que, a depender da envergadura do projeto, o número de interlocutores federais, estaduais e municipais pode se tornar um risco. Ao promover o diálogo entre essas esferas, reduzimos prazos e facilitamos as aproximações entre atores chave, o que traz benefícios a todos os envolvidos.
Nosso trabalho não se concentra apenas no agronegócio e no setor de energia. Como disse, há um enorme potencial para novos investimentos no setor automotivo, saúde, pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura, entre outros.
O programa Avançar, de Parcerias de Investimentos (PPI), é um exemplo do esforço do Governo Federal para reforçar a coordenação¿¿ das políticas de investimentos em infraestrutura por meio de parcerias com o setor privado.
A reorganização da economia criou as condições necessárias para um novo patamar de parcerias entre governo e inciativa privada, por meio de concessões e projetos que irão modernizar a infraestrutura do país.
A segunda edição do Fórum de Investimentos Brasil realiza painéis temáticos de todos os setores que oferecem aos investidores internacionais boas e importantes oportunidades.
Realizar pelo segundo ano consecutivo o Brasil Investment Forum é uma forma de mostrar todo o trabalho e esforço que o governo federal vem empreendendo para criar um novo e mais próspero ambiente de negócios para o país.
A edição 2017 do Fórum reuniu uma quantidade significativa de representantes governamentais e da iniciativa privada, líderes políticos, empresariais, acadêmicos e de mídia, que durante dois dias travaram diálogos de alto nível sobre os avanços da agenda de reformas econômicas que estavam em curso no país.
Este ano, com um cenário econômico muito mais positivo, vamos debater os próximos passos para a economia brasileira. Tenho certeza absoluta que teremos novamente uma audiência qualificada, que os debates estarão à altura do realizado ano passado e que os empresários terão mais uma ótima oportunidade de avaliar as perspectivas, oportunidades e estratégias do governo sobre investimentos estrangeiros.