O início da operação do Fundo Brasil-China e o crescimento da economia aumentam as possibilidades de ampliar a presença do capital chinês no Brasil, tornando-o cada vez mais atrativo nas mais diversas áreas. A avaliação é do secretário de Assuntos Internacionais, Jorge Saba Arbache Filho, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

Para Arbache, o fundo “cria oportunidades de interação extremamente ricas e únicas, tanto do ponto de vista governamental como do setor privado”. Essa interação, argumenta, a médio e longo prazo, “vai trazer diversos outros projetos”. O Fundo Brasil-China irá financiar projetos de infraestrutura, manufatura, armazenagem, energia e recursos minerais, agronegócio e tecnologia em todo o território nacional.

As inúmeras oportunidades de investimento no Brasil e as reformas macroeconômicas realizadas nos últimos anos para melhorar o ambiente de negócios ganharão destaque na segunda edição do Fórum de Investimentos Brasil 2018, evento que ocorrerá em 29 e 30 de maio em São Paulo, organizado pelo governo brasileiro e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Uma das sessões previstas, organizada pelo Conselho Empresarial Brasil China, será dedicada apenas aos investimentos chineses no Brasil.

De acordo com dados divulgados em março pelo Ministério do Planejamento, os investimentos realizados entre 2003 e fevereiro de 2018 atingiram o montante de US$ 54,1 bilhões. Os setores energético e de extrativismo concentraram mais de 85% desses investimentos.

O governo federal vem fazendo esse esforço de diversificação nas negociações bilaterais e avalia que o resultado tem sido positivo. “Temos repetido de forma incessante que queremos quatro coisas: diversificação, alta tecnologia, greenfield [atividades inovadoras ou abertura de novos mercados] e investimento que vira exportação. Já é um mantra. Está dando resultado”, conta Arbache.

Ele lembra ainda que qualquer investidor pode submeter projetos para serem financiados pelo fundo, não é necessário envolver empresas chinesas na execução, basta que eles ocorram no Brasil. Neste ano, a infraestrutura foi eleita prioridade por Brasil e China. “A medida que o crescimento econômico vai voltando, [o País] vai vislumbrando ainda mais necessidade de infraestrutura”. Em 2017, depois de dois anos de queda no Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil cresceu 1% e agora caminha para uma expansão de 3% neste ano, de acordo com projeção do Ministério da Fazenda.

Parceria Brasil-China

Os projetos do Fundo Brasil-China de Cooperação para Expansão da Capacidade Produtiva no País
serão recebidos por meio de Cartas-Consultas, que estão disponíveis para preenchimento no site do Ministério do Planejamento. O Comitê Diretivo, composto por três vice-ministros brasileiros (Planejamento, Casa Civil e Relações Exteriores) e três altos funcionários chineses, vão avaliar se os projetos atendem aos interesses bilaterais.

Se os projetos forem selecionados pelo Fundo, caberá às instituições financeiras brasileiras e chinesas examinar a viabilidade econômico-financeira do projeto. Cinco projetos nas áreas de infraestrutura e manufatura já foram aprovados e “agora seguiram para os bancos envolvidos que vão fazer uma avaliação econômico-financeira mais profunda”, conta Arbache.

O fundo tem disponibilidade para investimento de US$ 20 bilhões, sendo que US$ 5 bilhões virão de instituições financeiras brasileiras e US$ 15 bilhões do Claifund (instituição governamental chinesa para financiamento na América Latina). Não haverá aporte de recursos públicos.