Com inovação e pesquisa, Embrapa impulsiona agronegócio no Brasil

O Brasil é um dos poucos países do mundo que pode produzir durante os 365 dias do ano. Com duas safras no período, não só é um celeiro de commodities como também “terreno fértil” para a agricultura de valor agregado. Isso é possível porque o País investe em conhecimento e tecnologia por meio das pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa).

“Uma tendência para o Brasil é utilizar a tecnologia para intensificar o uso das áreas que já estão abertas e à disposição da produção agropecuária, aumentando a eficiência e produtividade e reduzindo a pressão sobre as áreas de mata nativa”, diz Maurício Antônio Lopes, presidente da instituição. “O intuito é alinhar a agricultura e o Brasil à agenda global de desenvolvimento sustentável”, explica. “Ao longo dos anos, aprimoramos temas de integração de agricultura, pecuária e floresta.”

Criada há 45 anos para desenvolver um modelo de agricultura e pecuária tropical genuinamente brasileiro, a Embrapa vem superando as barreiras que limitavam a produção de alimentos, fibras e energia no País. Desde então, a agropecuária brasileira se tornou uma das mais eficientes e sustentáveis do planeta. Atualmente, ela está presente em todos os continentes, com parcerias com algumas das principais instituições e redes de pesquisa do mundo.

Todo esse investimento em pesquisa, inovação e tecnologia vem dando lucro. Para cada real aplicado na Embrapa em 2017, foram devolvidos R$ 11,06 para a sociedade, conforme o balanço da estatal que apontou um lucro social de R$ 37,18 bilhões, gerado a partir da adoção, pelo setor agropecuário, de 113 tecnologias e de cerca de 200 cultivares.

Vocação

Nas últimas décadas, o Brasil passou de importador de alimentos a um dos mais relevantes produtores e exportadores mundiais, servindo de fonte de alimento para cerca de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo. Caberá ao Brasil, afirma o presidente da Embrapa, alimentar países como, por exemplo, a China e a Índia. “Esses países não têm áreas disponíveis para expandir a produção. Mas o Brasil tem. Portanto, certamente nosso país será o grande provedor de alimentos”, explica.

Para Lopes, o Brasil se beneficiará do processo internacional de transformações socioeconômicas. “Há um processo muito forte de urbanização no mundo, e o campo está ficando muito rarefeito. As pessoas tendem a migrar para as cidades”, afirma. Nesse contexto, de grandes mudanças demográficas e socioeconômicas, novas oportunidades de negócio devem emergir. “Essas transformações abrem espaços extraordinários para a cooperação e para novos negócios”, conta.

Lopes participa do painel “Alimentando o mundo: agenda do agronegócio”, no segundo dia do Fórum de Investimentos Brasil 2018, com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. 

Novas Tendências

É preciso também agregar valor aos produtos brasileiros, afirma Lopes. “Há, por exemplo, um boom na gastronomia. Aliás, isso é uma enorme oportunidade para o Brasil, considerando a enorme diversidade que poderá ser explorada no País”, diz. Ele acredita que as novas tendências em alimentação chegarão rapidamente ao campo. “O padrão de consumo vai alterar o padrão de produção no futuro”, diz.

Outra importante frente é agregar valor aos produtos. Um exemplo disso é o café que, para Lopes, deverá refinar-se nos próximos anos. “O café deverá se sofisticar como o vinho. Isso abrirá espaço para uma infinidade de novos negócios”, analisa.

Outro exemplo é o do açaí. Lopes conta que a Embrapa buscou soluções para que a fruta não fosse colhida apenas por meio do extrativismo. “Já desenvolvemos tecnologia para cultivar o açaí. Não queremos que esses sabores especiais que temos acabem”, afirma. “É nosso papel desenvolver recursos para que esses produtos ganhem mercado de forma segura”, afirma. O mesmo aconteceria com outros produtos emblemáticos do Brasil, como o cupuaçu e o guaraná, afirmou.

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