Parcerias estratégicas em defesa podem estimular crescimento

A indústria de defesa vive um momento de transição em que novas tecnologias, como inteligência artificial, cibernética e análise de Big Datas, ganham espaço em investimentos de empresas e governos. Firmar parcerias estratégicas que resultem em transferência de tecnologia é um dos caminhos que podem contribuir para o crescimento do Brasil, afirmaram participantes de painel sobre a indústria de defesa, no Fórum de Investimentos Brasil 2018, que ocorre nesta terça (29) até quarta-feira (30), em São Paulo (SP).

"O momento é de transição para a indústria de defesa, diante da maior mobilidade e convergência digital e das ameaças trazidas pelas novas tecnologias, o que amplia a complexidade dos sistemas", afirmou Donna Hrinak, vice-presidente para América Latina da Boeing, que abriu há seis anos um escritório no Brasil para ganhar espaço no mercado brasileiro e mantém um centro de pesquisa de biocombustíveis em parceria com a Embraer. "Há oportunidades de parcerias no horizonte e temos interesse em vender caças aéreos."

O presidente da Embraer Defesa, Jackson Schneider, destacou que o avanço de tecnologias disruptivas e as ameaças virtuais trazem desafios para as empresas se inserirem no ciclo de negócios da indústria, marcado por volumosos recursos e longo prazo de maturação dos investimentos. "Vencer etapas com parceiros é importante, mas absorver essa tecnologia no Brasil para a indústria nacional é ainda mais, dentro desse contexto que vemos as parcerias", destacou, ao ser questionado sobre a possível parceria entre a empresa brasileira e a Boeing, sugerida pela fabricante de aeronaves americana no início do ano.

Satélites 

Para Ruben Lazo, vice-presidente da Thales Group para a América Latina, a parceria estratégica com o Governo do Brasil tem dado bons resultados. Ano passado, foi lançado um satélite com fins militares e para também oferecer banda larga em áreas remotas. Totalmente controlado pelo Brasil, com investimento de quase R$ 3 bilhões, o satélite foi desenvolvido em regime de transferência de tecnologia. Cerca de 40 engenheiros brasileiros foram formados por dois anos na França. Um centro de transferência de tecnologia foi aberto no Brasil, que também conta com um centro tecnológico voltado à fabricação de radares da Thales. "Há 30 aeroportos brasileiros, como Guarulhos e Galeão, que usam radares produzidos aqui, inclusive exportamos radares para a China", destacou Lazo, que ressaltou que a intenção da empresa é ampliar a produção no Brasil e também repetir o modelo de conteúdo nacional de radares nos satélites. "O primeiro satélite foi feito no exterior, mas o segundo pode ser feito com mais produção no Brasil e o terceiro com quase toda tecnologia aqui, esse é nosso objetivo."

A China também observa o mercado brasileiro de defesa. O diretor para América e África da Norico Group, Zhang Guanjie, destacou que a empresa fatura US$ 30 bilhões globalmente, sendo que 80% vêm de vendas no exterior. "Parcerias estratégicas são uma forma de crescimento", observou. 

O vice-almirante Marcelo Campos, que representou o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, afirmou que o governo tem discutido com o BNDES a criação de uma linha internacional voltada para a área e tem trabalhado na Câmara na ampliação dos recursos do Fundo da Marinha Mercante, o que poderá estimular encomendas na indústria naval.

Fonte: Governo do Brasil

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