Quarto maior produtor de alimentos do mundo, o Brasil tem potencial para ampliar as exportações agropecuárias e conquistar uma fatia maior do mercado internacional. A meta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é passar dos atuais 6,5% para 10% do mercado global do agronegócio até 2022.
Para isso, o Ministério da Agricultura investe em programas para melhorar a produtividade do setor rural brasileiro e para vencer as barreiras impostas pelos países desenvolvidos, especialmente as relacionadas à questão ambiental. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em suas viagens pelo mundo, leva um farto material com dados para comprovar a sustentabilidade da agricultura brasileira e os avanços do setor nos últimos anos.
Os dados serão explorados pelo ministro no painel “Alimentando o mundo: agenda do agronegócio”, no segundo dia do Fórum de Investimentos Brasil 2018. “A mensagem que vou mostrar é a que tenho mostrado: ninguém no mundo tem uma agricultura tão sustentável quanto o Brasil. Olha só: 66,3% do território brasileiro é inteiro preservado ainda. Ninguém tem isso”, argumenta Maggi.
Segundo dados do Mapa, 66,3% do território brasileiro são destinados à proteção e preservação da vegetação nativa, assim distribuídos: 20,5% são áreas preservadas nos imóveis rurais, 18,9% de vegetação nativa em terras devolutas e não cadastradas, 13,8% de terras indígenas e 13,1% de unidades de conservação. A Amazônia concentra 83,2% das áreas protegidas do País, num total de 212.115.240 hectares, o que representa 50,7% da extensão do bioma.
A área para uso agropecuário é de 30,2% do território: 21,2% de pastagens, 7,8% de lavouras e 1,2% de pastagens plantadas. Outros 3,5% são ocupados por cidades e infraestrutura. “Eu sempre falo que esse é o nosso green card, nosso passaporte verde para o mundo. A mensagem que a gente vai mostrar é essa. Esses são dados cientificamente comprovados, levantados pela Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]”, afirma o ministro da Agricultura.
Visando dar sustentabilidade ambiental ao agronegócio brasileiro, o Mapa lançou o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), que inclui a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema desenvolvido pela Embrapa que envolve manejo, adubação, sombreamento, entre outras técnicas. A integração, segundo o ministro, permitirá o aumento da produção agrícola sem avançar sobre novas áreas, contribuindo para a redução do desmatamento no País.
A agricultura brasileira pode crescer sem desmatamento com o melhor aproveitamento do espaço que é hoje dedicado somente à pecuária, utilizando as técnicas de integração desenvolvidas pela Embrapa. “É uma simbiose interessante: você faz soja ou milho, depois faz braquiária [a variedade de capim mais utilizada nas pastagens do País], põe o gado em cima, ele pastoreia lá por três ou quatro meses, deixa lá fezes e urina, que fertilizam o solo, e você volta no ano seguinte plantando soja”, explica Maggi.
Campo de oportunidades
Motor da economia brasileira, responsável por 24% do Produto Interno Bruto nacional, o setor agrícola tem uma variada carteira de projetos para investimento. “O agronegócio no Brasil é muito dinâmico, talvez o mais dinâmico da economia”, afirma Maggi. As oportunidades, segundo o ministro, vão além do investimento direto no campo e abrangem atividades correlatas, nas áreas de infraestrutura, logística e desenvolvimento tecnológico.
Para impulsionar os investimentos na agropecuária, o Mapa adotou o programa Agro+, de atualização das normas e simplificação de processos, visando reduzir a burocracia no setor. No total, contabiliza o ministro, foram mais de 800 mudanças para facilitar o ambiente de negócios na agricultura.
Ao mesmo tempo, o País vem trabalhando para superar barreiras fitossanitárias impostas aos produtos exportados. Além de desenvolver tecnologias capazes de combater as pragas aqui criadas, os métodos de produção rural evitam a importação de males. Neste ano, o Brasil conquistou o certificado de país livre da febre aftosa com uso da vacinação.
Mas o plano do País é retirar a vacinação do território nacional até 2022, o que aumenta o valor de venda da carne. “A partir de 2023, o Brasil passa a ter condições de ir para mercados que pagam mais. Aí vamos ficar em pé de igualdade”, argumenta Maggi. Hoje só Santa Catarina está livre da doença sem vacinação.
Segundo dados do Ministério, no ano passado, as exportações do agronegócio brasileiro chegaram a US$ 96 bilhões, o que representa 44% do montante vendido pelo Brasil para o exterior. Os dez principais mercados de destino foram: China, União Europeia, Estados Unidos, Japão, Irã, Arábia Saudita, Rússia, Hong Kong, Coreia do Sul e Indonésia. No primeiro trimestre deste ano, as exportações agropecuárias somam US$ 21,5 bilhões – 4,6% a mais do que no mesmo período de 2017.